quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sobre o Yaoi...



Em 1976, TAKEMIYA KEIKO chocou o Japão e criou uma tempestade de controvérsias por tratar da relação sexual explícita entre garotos que Hagio apenas tinha indicado. Ela foi direto ao assunto em seu trabalho, agora muito famoso entre os colaboradores do gênero, chamado "Kaze To Kio No Uta" ("Poema do Vento e da Árvore").
Esta história também se passa numa escola européia para garotos, em Provence, França, em 1880, e conta o tórrido romance entre o inocente Serge e o sangue frio Gilbert, que é o prostituto da escola, que permite que garotos mais velhos tenham relações consigo por um preço. O tema importante desta história, que é típica das história escritas no final de 1960, é que, enquanto o amor puro entre garotos (independentemente se é expressado fisicamente) é algo bonito, o sexo por pura luxúria é algo sujo, vulgarmente iniciado por "garotos mais velhos".
A diferença, então, entre amor de garotos e homossexualidade é algo mental e emocional. O desafio de Serge é fazer Gilbert perceber isso.
As sucessoras das nijuyon-nen gumi continuaram com temas de ambigüidade sexual, embora a escala das histórias ficaram mais reais. Trabalhos como os de Wakuni com "Nemereru Mori No Binan" ("O Belo Adormecido da Floresta"), que retratam a vida de gays como ela é realmente.
Nos anos 80 e 90, a ambigüidade sexual tomou grandes proporções nos doujinshi que plagiavam personagens de shounen mangá ou animes famosos, e os colocavam em situações sem nenhum sentido, por puro divertimento.
Nasciam então, o yaoi. Trabalhos como os doujinshi de "Captain Tsubasa" e "Saint Seiya" viraram uma febre nas comikets em todo o Japão.Como disse no início, o mundo do mangá yaoi é fascinante.
Seja como mangá de profissionais, em Shonen Ai, June, Yaoi, etc. Acho que sempre vou apreciar este tipo de leitura, talvez pelo simples fato de ser belo, delicado e tokubetsu (especial, peculiar). Até ler Zetsuai, eu confesso que nunca dei muita importância para o amor que pode existir entre homens. Nunca pensei realmente nisso, até então.
Há pessoas que simplesmente repelem este tipo de leitura por acharem "estranha" ou "pervertida". No entanto, acredito que não são essas as palavras adequadas, pois muito do desejo de se ler yaoi mangá está na curiosidade e na busca de histórias que fujam do lugar comum dos shoujo mangá (tradicional homem X mulher).
É bem verdade que nossa cultura não abre espaço para trabalhos yaoi aparecerem (novelas, filmes, peças). É algo meio que desconhecido para os brasileiros. Portanto, não se culpem por gostarem tanto deste gênero, pois basta lembrar que o que está em voga não é o que os personagens são realmente (homo, bi, hetero), mas sim seus sentimentos. Não existe nenhuma intenção de achar adeptos, mas sim de entreter.
Além do mais, muito da hesitação a tais leituras acontece por puro preconceito. Portanto, vamos deixar isso de lado e começar a pegar a pena, nanquim, papel e desenhar belos rapazes com belas roupas em situações agradáveis.
Se desejarem os personagens de anime ou mangá, bem, então são muitas opções.Ah, existe um pequeno detalhe que não pode passar em branco. Quando histórias yaoi são muito hentais (safadas), sugerem uma interpretação diferente para a palavra yaoi aos fãs. Essa nova interpretação é "YAmete, Oshiri Ga Itai" ("Pára, meu traseiro dói!").Devido a sua abordagem, a palavra yaoi tem sido livremente usada por nós ocidentais de um modo errado para designar qualquer história com homossexualismo, como eu mesmo fiz no início desse artigo. Grande parte do erro acontece porque muitos artistas amadores como OZAKI MINAMI começaram fazendo doujinshi (mangá amador) yaoi e, como se tornaram muito famosos, viraram artistas profissionais contratados de grandes editoras.
No entanto, seus personagens originais ainda pareciam com os personagens yaoi que faziam quando amadores. Além do mais, com o grande sucesso do gênero yaoi, muitas editoras começaram a publicar trabalhos yaoi em séries como GUNDAM WING, SLUM DUNK, RUROUNI KENSHIN, etc. A diferença era que, diferente das "verdadeiras"histórias yaoi que normalmente são vendidas nas comikets (eventos de mangá e anime), essas histórias poderiam ser encontradas em qualquer livraria. No meio dos anos 90, apareceram muitos mangás profissionais de homossexualismo como BRONZE e KIZUMA, contudo, os japoneses não inventaram um termo apropriado para designar a "história sobre o romance entre homens com personagens originais".
No entanto, um termo próximo para tal seria "JUNE".E o que será JUNE? June, originalmente, foi uma das primeiras revistas a ter trabalhos com histórias de romance entre homens, abrangendo o gênero amador e profissional.
Contudo, muitos discutem que June possui romances mias sérios, com maior ênfase nos sentimentos do que o visto no doujinshi yaoi, os quais possuem um maior apelo sexual. Logo, o romance entre Koji e Izumi que possui muitos volumes é June. No entanto, Kurama e Hiei indo ao cinema e fazendo coisas hentai é yaoi.
Falta, então, um termo para histórias de profissionais com personagens originais que tenham um forte apelo sexual, que seria o yaoi, mas com personagens criados.Além das peculiaridades que cada ramo yaoi possui, um outro ponto salta à vista quando nos tornamos apreciadores do gênero: a regra das alturas.A regra das alturas é uma constante em doujinshi. Tal regra diz que o "seme"(do verbo japones semeru = ativo) da relação sempre será mais alto que o uke (do verbo ukeru = passivo) da relação. Ou seja, sempre será Kurama X Hiei, Indra X Gai, Gai X Shurato, Sano X Kenshin, Sakura X Hyde... devido justamente a diferença das alturas destes personagens. No entanto, o que aconteceria se você estivesse decidido a fazer com que Shun fomo o seme? Neste caso, os desenhistas normalmente modificam as alturas originais dos personagens para se adequarem a regra das alturas.
Por isso, mesmo o Shun sendo originalmente menor que Shiryu, apareceria mais alto que este numa versão na qual ele tivesse um atuação seme. A regra das alturas é realmente uma regra no mundo Yaoi/June.
Outro detalhe que deve ser notado é a nomenclatura de um par Yaoi. Se você olhar atentamente nos exemplos dados anteriormente, notará que o seme (ativo) vem sempre na frente, seguido por "X"e o nome do uke por último. Pode parecer ridículo todas essas regras, mas elas realmente agem nos trabalhos yaoi.
MAS, QUAIS SÃO AS ORIGENS DISSO TUDO?
O Japão possui uma tradição milenar de admiração da beleza do corpo masculino. Muitas das histórias escritas sobre a época dos samurais possuem fortes, mas silenciosas, relações amorosas entre homens. Contudo, esse tipo de leitura era destinada aos homens. No entanto, há aproximadamente trinta anos atrás, um grupo de desenhistas (de mangá) começou a usar essa idéia para criarem seu próprio gênero de mangá, mas agora dirigido às mulheres. Este gênero se chamou Tanbi, que possui uma tradução aproximada como sendo "aficionado pela beleza" ou "beleza triste" ou "belo e trágico", e focalizava tudo que era bonito, decadente, perverso e erótico. Um famoso ramo deste genro foi o Shounen Ai (amor entre garotos), que contava a história de belos garotos que nutriam amor platônico uns pelos outros e cujas histórias sempre tinham um fim trágico. O Shounen Ai inspirou o Yaoi e assim por diante.




Retirado de: YaoiDoujinshi
As imagens sairam do Y! yaoi gallery


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